Confissões de Lucy

  NOTA
É fácil caçoar de problemas de ‘’simples resolução’’ quando não cabe a você resolvê-los. Também é fácil dizer que algo não importa quando nada é mais importante que o ego. Mas não é nada fácil engolir o que pensa porque sabe que está errado. Principalmente quando você não está.
INTRODUÇÃO
            Como sempre, tudo começou no começo. Quando todas as coisas se resolviam sozinhas ou quase isso, a inocência (se é que se pode chamar de inocência) infantil dizia que o tempo cura. Hoje percebo que ele passa. Quase apaga. Mas não cura. Olá, meu nome é Lucy. 


                                                               22/02/10
Aos 12 anos eu me mudei. Aliás, meus pais se mudaram e eu fui junto. Entrei numa nova escola e conheci várias pessoas. Foi bem divertido. Claro que não foi nada fácil me adaptar no início. Mas é assim com todo o mundo, ou quase. Enfim, as dificuldades apareceram, mas nunca fui o tipo de garota que foge da raia. Mas fiquei feliz em ter alguém para desabafar. Já não tenho mais 12 anos. 15 é uma idade difícil. Principalmente quando alguém (alguns) fica(m) exigindo algo que não faz o menor sentido. Mesmo. Por exemplo: eu já fui o tipo de pessoa cheia de amigos e é claro que já briguei com eles várias vezes. Muitas pessoas dizem que é impossível que uma amizade volte a ser unida se já foi desfeita, mas é claro que a distância entre o possível e o impossível se mede pela vontade das pessoas. Pelo menos é o que acho afinal eu nunca liguei muito para o que as outras pessoas dizem. Até porque muitas amizades já foram desfeitas em minha vida... E posso dizer que algumas já voltaram... Afinal, se o que é mau dura muito, o que é bom também pode durar. Agora é que eu estou numa grande enrascada. Não uma enrascada que possa me prejudicar... Só me magoar, muito. É uma coisa muito chata perder uma amizade que você sabe que não te fazia bem, mas que você sabe que vai fazer falta. Mas é numa dessas que você descobre quem são seus verdadeiros amigos... Ou pelo menos quem vai estar com você pro que der e vier. Veja o caso do Lucas, da Michelle, do Leandro e da Julia. Estão sempre comigo e olhe que o Leo nem é da minha sala. É claro que todos têm defeitos. Eu também não sou perfeita. Mas sempre foi assim. No fundo, você sabe bem com quem pode contar. Mesmo quando éramos as ‘’melhores amigas’’, eu nunca pude contar muito com a Lisa. Nem com a Amanda, o fantochinho dela. Elas sempre me disseram o que eu talvez precisasse ouvir, mas era sempre o que qualquer um diria. E nem sempre ajudava. Hoje eu sou a ex-amiga falsa, ou pelo menos é assim que elas me consideram. Pelo que parece, eu passei pro ‘’lado negro’’ da turma. Ah ta. Mas o que dizer? Sou amiga de um ex-namorado da Lisa, de uma ex-amiga dela e de outras pessoas que ela não quer ver nem pintada de ouro. De quebra, ela se passa por ‘’santinha’’ dizendo que eles me ‘’usam’’. Ah ta. Mas chega de escrever por hoje... Eu tenho mais o que fazer. Na verdade não tenho, mas vale a intenção. Beijos...





24/02/10

E aqui vamos nós de novo. Contar com alguém que você sabe que é falso nunca é uma boa idéia. Mas esse papo repetido já ta começando a chatear. Pois é, aqui estou, escrevendo no Word porque a net ta malz. E esse programa fica p tempo todo me dizendo que estou errada. Até tu, Word? É claro que todo esse estresse desnecessário podia ter sido evitado. E eu não estou falando só da net. Que por sinal ainda não voltou. Como é que uma pessoa se deixa enganar propositalmente? Isso não faz o menor sentido, até porque a pessoa sou eu. Mas ta bem, vamos lá. Semana passada, quando nós estávamos conversando com a professora de Geografia (na verdade, estávamos fofocando, mas ta) eu percebi olhares diretos em nós. A Lisa e a Jessica estavam de olho em nós, principalmente a Lisa, que não tirava os olhos de mim e da Júlia. Dei um toque na Carol (outra amiga) sobre isso. Ela disse que iria tentar descobrir do que se tratava, mas é claro que as duas (que estão se tornando bests) não abriram o bico. Eu sei que tinha alguma coisa a ver comigo e com minhas amigas, isso é óbvio. E não to gostando nada disso. Bom, acho que vou indo nessa, parece que a net voltou. Hasta La Vista, baby.  





12/02/10

Ah, que ótimo. As drogas das aulas começaram bem malz, pra dizer o mínimo. Já briguei com o Léo (aliás, ele brigou comigo, e ele até tem razão, já que eu andei ignorando-o, mas ele também andou me deixando de lado, isso não é coisa de amigo, modos que...) e não sei se a amizade volta dessa vez, to preocupada e isso é completamente irritante, acho que vou ter que pedir ajuda ao Lucas e isso vai ser meio constrangedor. Que seja. Ah, to de saco cheio pra pensar em algo que vai além de clips de rock. Embora eu esteja me sentindo meio Britney Spears hoje. Sem o cabelo e corpo perfeitos, claro. Ou quem sabe Christina Aguilera. Beyoncé? Nossa como eu to humilde. O telefone está tocando. Quem será?
       
12/02/10 - 15 minutos depois
            Aff, eu detesto telemarketing. Esse povo fica me telefonando por causa de uns serviços que eu não pedi. Mas ta é o trabalho deles. Acho que tenho que ligar pra alguém, to muito chata hoje.  To com saudades do Leo, mas o que eu posso fazer? O cara deve estar uma ferinha... Aliás, uma baita fera. Amanhã na aula eu converso com ele. Eu acho. Ah, lembrei a Thais pediu pra eu ir com ela na lojinha nova que abriu no centro da cidade. Tenho que confirmar. Até mais. 


                                        15/02/10
Ai, que ódio. Eu realmente fico brava com esse tipo de coisa. Ontem eu fui conversar com o Léo pra ver o que é que estava rolando e ele me disse que ainda estava com raiva e que eu não fazia nada para melhorar isso. Tá, como se sair do meu lugar e encarar toda a turma de amigos dele (que por acaso incluía alguns amigos meus) pra conversar não significasse nada. Tudo bem, eu sei que não sou muito tímida nem retraída, mas ainda assim... Mas aí eu perguntei que raios ele queria que eu fizesse. Sabe o que ele respondeu? "Que tal você parar de dar atenção pro que só te machuca e começar a prestar atenção em quem realmente gosta de você?". Assim na lata. Eu fiquei sem fala, não entendi direito o que ele quis dizer com isso, e perguntei o que era. Ele me enrolou com um papo sobre estar muito estressado com tudo o que está acontecendo com ele, e nessa hora eu percebi que era de puxar meu amigo pra mais longe ainda da turma, que nos olhava descaradamente. Esse assunto eu conheço muito bem. Faz uns sete meses que o Léo terminou com a Vanessa, que é minha amiga. Ela é uma ótima pessoa, mas não tem muito juízo, e traiu o cara no segundo mês de namoro. Ele era louco por ela, isso estava mais na cara que tudo. Então já dá pra perceber que ele sofreu pra caramba. E pior ainda, em silêncio porque durante bastante tempo ele não se abriu com ninguém. Eu fui uma das que quase pirou tentando evitar com que o cara não pirasse. Enfim, isso ainda mexe com aquele garoto com cara de mau. Então, eu puxei ele pra um canto mais afastado e fiquei abraçada com ele por um bom tempo, até ele melhorar. é claro que a amizade voltou, e mais forte que nunca, mas eu ainda não entendi com o "Que tal você parar de dar atenção pro que só te machuca e começar a prestar atenção em quem realmente gosta de você?" que ele me disse. Confusão à vista e à prazo, pelo que me parece. Ai, como é complicado ser eu. E minha mãe me diz que a minha vida é fácil. Já pensou se fosse difícil? Ai, eu vou ligar pro Léo pra ver como ele tá. Fui.